quarta-feira, 22 de junho de 2016

DIA 27 (21/06/2016) - Pedra Caída - São Luís

O trecho - 803 km


Decidimos acordar cedo para ganhar tempo. Acordamos às 6:00h, mas tivemos que esperar até às 7:00h pra poder fazer o checkout. O café da manhã só começava às 7:30h, mas o rapaz do restaurante nos antecipou um bom desjejum. Resolvemos esticar o máximo que podíamos, aproveitando o sol ameno da manhã. Paramos só para um abastecimento rápido em Porto Franco e Grajaú, já que a parada pra descansar só seria em Presidente Dutra.
Quando passávamos pela reserva indígena guajajara, as mesmas cenas da ida se repetiam: mulheres e crianças esticavam um cordão atravessando a rodovia, na tentativa de conseguir alguns trocados. Resolvemos parar em uma das várias barracas às margens da BR que vendiam artesanatos. Achamos que a melhor forma de ajudar seria comprando algo.

       Comprando artesanato indígena
                   Com as índias 

Seguimos em frente. Chegamos em Presidente Dutra por volta de 12:00h. Pretendíamos lanchar rápido pra tentar chegar mais cedo em casa. Só que, ao fazer uma inspeção rápida pra verificar o tensionamento da corrente, Geovan também percebeu que seu pneu já estava no limite. Aquele que trocamos em Las Lomitas, Argentina. Ainda bem que estávamos alí, pois morei na cidade por 10 anos e conhecia muita gente. Fomos a uma loja de motos que ficava bem próximo, cujo proprietário era um amigo de trilha das antigas e hoje é o  vereador Toinho Veloso. Por sorte, ele tinha o pneu, só que um pouco mais alto, mas que serviu.

  Olhem a situação que já estava o pneu
                    Minas Motos

Depois de um bom papo, a moto novamente calçada, partimos. Já próximo da entrada de Itapecuru, o trânsito começou a se intensificar. Em alguns trechos, equipes faziam a recuperação da maltratada rodovia. Fiquei pensando como uma capital de Estado pode ter uma rodovia tão precária, com um trânsito tão intenso como aquele. É simplesmente inacreditável. Rodei mais de 14.000 km, passando por 5 países, cruzando 8 estados brasileiros e não vi nada pior. Só quando você vê o contraste é que percebe o quão ridículo é a chegada até São Luís. Mais triste ainda é perceber que a duplicação de uns míseros 25 km que se arrasta há mais de 5 anos, vai levar mais outro tanto.
Mas, enfim, está é a minha terra que amo e que finalmente retornamos, após 27 longos dias.

Como toda história tem um epílogo, aguardem que o escreverei.







segunda-feira, 20 de junho de 2016

DIA 26 (20/06/2016) - Miranorte - Pedra Caída

Viagem só termina quando acaba


Saímos de Miranorte por volta de 8:40h. Nosso objetivo era dormir em Presidente Dutra e, no dia seguinte, chegar até meio-dia em São Luís. O trecho da BR-153 era bastante bom, o que nos permitiu imprimir um bom ritmo. Depois de rodarmos uns 200 km e as placas anunciarem a cidade de Araguaina mais à frente, ocorreu-me uma ideia mirabolante. Entrei em contato com Geovan pelo intercomunicador e anunciei: já que estávamos tão próximos, por que não damos um pulo em Carolina e aproveitamos e tomamos um belo banho revigorante de cachoeira? Geovan titubeou, não concordando com a ideia, já que estava doido pra chegar. Insisti mais um pouco e ele fez silêncio. Esperei pela resposta que não vinha, mas pronto pra respeitar sua decisão. Afinal, viajávamos juntos e o roteiro original não era este. 
Torci para que a decisão fosse positiva e já me via debaixo daquela cachoeira maravilhosa, matando o calor intenso que nos acompanhava há algum tempo. Vamos, disse ele finalmente. Imediatamente programei o GPS pra buscar por Filadélfia, cidade tocantina do outro lado do rio. Era só pegar a balsa do PIPES e já estaríamos em Carolina. Tivemos que atravessar Araguaina até pegarmos a TO-222. Foram pouco mais de 90 km até Filadélfia por uma rodovia com alguns buracos desviáveis, que não comprometeram a viagem. Quando chegamos, o pontão, como eu o conhecia, parece que estava nos esperando. Pagamos R$ 8,00 por moto e embarcamos.
De longe, avistei o campanário da igreja matriz que ficava no final da rua onde morava. Lembro que nos tempos de criança a nossa diversão era jogar futebol na porta da igreja. Era uma piçarra braba que, quase sempre, nos provocava calos de sangue nos pés. Era a nossa diversão todas as noites, iluminados por um poste central que mal dava para ver o vulto da bola. Éramos felizes e sabíamos. Bons tempos.

        Campanário da igreja matriz

Descemos do pontão e fomos direto pra casa de um amigo fazer uma visita.

            Visita ao amigo Tercio

Depois, tomamos o rumo de Pedra Caída, uma cachoeira lindíssima que conheci pela primeira vez quando tinha 11 anos de idade, quando viemos morar em Carolina. A ideia era somente tomar um banho e seguir adiante pra dormir em Presidente Dutra, como originalmente programado. Quando chegamos, fui logo me descascando, tirando a roupa pesada e vestindo um short e camiseta. Geovan só me observava. De repente, ele diz: cara, to enfadado e com sono, vamos dormir logo aqui. Pra mim foi perfeito. Dava pra ir  na cachoeira sem pressa e dar uma relaxada. Afinal, a viagem só termina quando acaba.
O próximo guia para o santuário, como é conhecida a famosa cachoeira, saía às 15:00h. Eu já estava no ponto. Seguimos pelas trilhas erguidas em plataformas de madeira até a rampa que desce para o início do percurso ao santuário. Lembrei que, em 1977, quando fui pela primeira vez, fazíamos o percurso sem guia especializado algum e descíamos o íngrime paredão de forma bem rústica. Bons tempos.

          Caminho para o santuário 

No final da descida, uma parada pra admirar a natureza e refrescar nas pequenas quedas d'Água. Um  aperitivo do que estava por vir.

               Paredões no caminho
           Primeira parada pra refrescar

Prosseguimos para o santuário pelas plataformas construídas pela modernidade. Nos tempos de criança, íamos desbravando o caminho por entre pedras e seguindo o riacho que vinha da cachoeira. Ao nos aproximarmos do santuário, os paredões de pedra ficavam mais espetaculares e quase impediam a entrada do sol. O caminho ficava mais escuro e o som da cachoeira batendo na água nos seus mais de 126 metros de queda, faz assustar quem vem pela primeira vez. Foi este o sentimento que tive há quase 40 anos.
O santuário é fascinante. Uma enorme queda d'àgua explodindo em um pequeno lago circundado por paredões de pedra. É como se estivéssemos em um salão e, acima, a pequena claridade do sol que timidamente invadia o ambiente.

             Já próximo do santuário 
Fenda acima dos paredões do santuário 
                 No salão do santuário 
               No salão do santuário 
    Uma tibungada próximo à cachoeira 

Ao voltar, fui pra piscina, pedi um tira-gosto de carne de sol, algumas latinhas de cerveja e esperei o sol se por pra admirá-lo.

                     Relaxando

     Por do sol na chapada das mesas

Bem, amanhã, acho que chegaremos em casa.
Até lá.

domingo, 19 de junho de 2016

DIA 25 (19/06/2016) - Nerópolis - Miranorte

O trecho - 833 km


Saímos de Nerópolis às 8:00h. Aproveitamos pra acelerar o máximo possível, dentro da prudência e da segurança, aproveitando que a BR-153, apesar dos caminhões, permitia. A partir de Alvorada, começamos a fazer o mesmo caminho que pegamos na vinda. Lembrei que em um posto próximo,  conheci a moça do R, lembram? A que pediu pra que déssemos uma surra no ex-marido, caso o encontrássemos em Campo Verde - MT.  Parei pra falar com ela, mas não estava. Que pena. Em Pugmil, conheci a Lu da farmácia, mas quando passamos, estava fechada. Tocamos em frente e chegamos a Miranorte por volta de 18:00h. Procuramos um hotel e nos estabelecemos. Ainda faltam cerca de 1.200 km pra casa. Mais dois dias e chegaremos.
Até lá.

sábado, 18 de junho de 2016

DIA 24 (18/06/2016) - Braúna - Nerópolis

O trecho - 683 km


Saímos com a intensão de dormir em Uruaçu-GO, mas Geovan lembrou que teria que trocar o óleo da moto. Resolvemos fazer isso em São José do Rio Preto, cerca de 120 km de onde dormimos. Lá é uma cidade grande e tinha concessionária Yamaha. Chegamos por volta de 9:30h e facilmente encontramos o local. O mecânico, que se chamava Kleber, era casado com uma maranhense de Cajapió. Esse mundo é pequeno mesmo. Ele não conhecia Cajapió e nos perguntou se realmente existia essa cidade. Queria um dia conhecer. Seu assistente interveio perguntando-lhe o que ele queria  fazer lá, se a própria mulher dele havia fugido daquelas bandas. Ora vejam só, hahahaha....
Saímos de São José do Rio Preto por volta de 11:00h. Por sorte, a partir de lá, a pista era toda duplicada e aproveitamos pra dar uma esticada. Mesmo assim, chegamos em Goiânia por volta de 17:20. Preferimos dormir mais à frente pra evitar a muvuca da cidade. Perguntamos e nos indicaram Nerópolis, a 25 km de Goiânia. Achamos um bom hotel e nos estabelecimentos. Daqui a São Luís, serão mais 2.000km e não dará pra fazer em dois dias, como pretendido. Preferimos rodar com tranquilidade e sem forçar.




sexta-feira, 17 de junho de 2016

DIA 23 (17/06/2016) - Foz do Iguaçu - Braúna

O trecho - 728 km


Hoje o dia foi sem novidades, apenas estrada enfadonha. Saímos de Foz com uma neblina intensa e com pouca visibilidade. Todo o cuidado era pouco. Não tardou para que a neblina intensa começasse a formar goticulas de água na viseira do capacete. Viajamos assim até Cascavel, quando a neblina se dissipou. Desde Foz, o GPS não conseguia calcular o trecho selecionado. Fui me baseando nas placas. Só a partir de Maringá é que ele entrou no eixo, mas perto de Presidente Prudente, me mandou rumo a Assis. Comecei a perceber o erro pela posição do sol. Pelo horário, o sol tinha que estar à minha esquerda, mas estava atrás. Parei e corrigi o rumo. Lição: não confie cegamente em GPS. Uma boa ideia de orientação espacial é necessária.
Nosso objetivo era dormir em São José do Rio Preto, mas as constantes interrupções de meia pista por conta de obras na rodovia fizeram-nos perder tempo. Já eram 18:00h e ainda faltava 120 km até nosso destino. Estávamos cansados e enfadados. Resolvemos parar na primeira cidade que encontramos. Olhei no GPS e vi que Braúna ficava a 2 km da rodovia principal. Cidade pequena, com cerca de 6.000 habitantes, segundo a dona da pousada onde ficamos. Tomei banho e fui na praça comer um delicioso espetinho.
Amanhã prosseguiremos.


quinta-feira, 16 de junho de 2016

DIA 22 (16/06/2016) - Turismo em Foz do Iguaçu

Quando chegamos em Cidade do Leste, ontem, já eram 15:30. Resolvemos não parar e deixar pra fazer umas comprinhas só no dia seguinte. Fui sozinho, pois Geovan não se interessou. Precisava comprar uma calculadora pra meu filho que faz engenharia elétrica, além de um óculos e um relógio pra mim.
Acordei cedo, pois precisava estar de volta até o meio-dia pra podermos ir às cataratas. Perguntei na recepção do hotel qual a forma mais fácil de ir a Cidade do Leste. A recepcionista me orientou pegar um ônibus bem ali pertinho do hotel que custava R$ 5,00. Assim fiz. Já no ônibus, mais à frente, um rapaz sobe e pede a atenção de todos. Começa a dizer que foi assaltado e mostra um B.O como prova. Pede ajuda pra voltar pra casa e dou-lhe os R$ 5,00 trocados que tinha. Fiquei imaginando se fosse eu na sua situação. O ônibus segue tranquilo até próximo à Ponte da Amizade, quando começa um pequeno engarrafamento por conta da quantidade de carros no vai e vem.
Ao descer do ônibus, várias pessoas começam a te interceptar se oferecendo pra ser cicerone. Informo que procuro óculos e relógios. Um deles me pede pra segui-lo e me leva a algumas lojas. Lá chegando, percebo que são produtos falsificados. Apenas olho desconfiado. Rapidamente me desvencilho do cicerone, mas logo outro me intercepta. Desta vez, ele me leva na loja de um brasileiro e fica mais fácil. Lá, compro uma HP 50g pro meu filho e aproveito pra perguntar onde comprar produtos originais. Ele me ensina e vou à Monalisa, uma grande loja de departamentos. Compro um óculos e um relógio que estava precisando, além de um perfume. Ao final, pergunto a Ariel, meu cicerone, qual a melhor maneira de voltar pro hotel. Ele me sugere um mototáxi. Acabo aceitando, já que precisava voltar rápido pro hotel, pois já eram 12:30h. Pago R$ 20,00 ao meu cicerone e monto na moto.



Na travessia da ponte e das aduanas, existe um caminho exclusivo para as motos e vamos rápido. Rubens, o mototaxista, não sabe exatamente onde fica o hotel e digo-lhe que fica no centro. Lá, a gente pergunta, afirmo. Na viagem, vamos conversando e digo-lhe que estou em viagem de moto. Ele pergunta a potência da moto e, quando lhe falo, se admira. Diz que o seu sonho é um dia ter uma moto grande pra viajar. Eu o incentivo dizendo que querer é poder e que continue sonhando que um dia conseguirá. Finalmente encontramos o hotel, pago-lhe R$ 20,00 como acertado e mais R$ 10,00 de gorjeta. Nos despedimos.



Agora era a vez de conhecer as Cataratas do Iguaçu. Preferimos ir de taxi e pegamos um na porta do hotel. Custou R$ 49,40. Pagamos mais  R$ 34,30 pra entrar no parque. Lá, pegamos um ônibus e fomos direto pro restaurante Porto Canoas, pois já eram mais de 14:30h e a fome já batia. O restaurante fica no final da linha do ônibus, bem próximo às famosas passarelas, mas à montante das cachoeiras. O buffet custa em torno de R$ 49,50 por pessoa e é bem variado. Após o almoço, fomos ver as famosas cascatas. É um cenário deslumbrante que me abstenho da ideia de descrever. As fotos dizem mais que mil palavras.











quarta-feira, 15 de junho de 2016

DIA 21 (15/06/2016) - Assunção - Foz do Iguaçu

O trecho - 334 km


Já que o trecho seria curto, acordamos mais tarde e mais devagar. Quando saímos, já eram mais de 10:00h. Liguei o GPS e partimos. Mesmo sem ele, seria fácil achar a saída pela ruta 2, com destino a Cidade do Leste, porque, a partir do hotel que ficamos, era só seguir a avenida e o fluxo principal, além das placas indicativas. Percorremos um longo trecho com trânsito intenso e sinais de trânsito, até pegarmos a rodovia aberta. Parece que a cidade não terminava. Depois, percebi que já havíamos passado por várias cidades, todas emendadas com Assunção.
Mais adiante, vi uma placa anunciando "Bienvenidos a Ypacarai". Não sei porque me veio à cabeça uma música que falava alguma coisa de Ypacarai. Deve ser alguma lembrança dos tempos de criança Só lembrava da melodia. . Escrevendo esta postagem, fui no Google e pesquisei. Trata-se da música Recordações de Ypacarai. Abaixo, um link na versão do maranhense Claudio Fontana.


Ainda na aduana de entrada no Paraguai, alertaram pra termos cuidado com animais na pista. Já imaginei uma estrada esburacada, cheia de jumentos e bois pela pista. Qual foi minha surpresa até Cidade do Leste: a rodovia era boa, bem sinalizada e não vi nenhum animal na pista, a não ser um ou outro pastando nas imediações.

Foi uma viagem tranquila até nosso destino. A muvuca só veio a acontecer próximo à Ponte da Amizade, por conta dos sacoleiros. Mesmo assim, não perdemos muito tempo. Atravessamos a ponte e fomos para o hotel.



Amanhã, iremos conhecer as Cataratas do Iguaçu e fazer umas comprinhas em Cidade do Leste.



terça-feira, 14 de junho de 2016

DIA 20 (14/06/2016) - Las Lomitas - Assunção

O trecho - 414 km


Acordamos cedo com o objetivo de chegarmos a Foz do Iguaçu com o sol ainda alto, mas...


O imprevisto previsível 

Dormimos e acordamos com um friozinho gostoso em torno dos 8 graus. Quando fazíamos o check out, um senhor se aproximou e nos deu um panfleto com um convite para um grande encontro internacional de moto que aconteceria em Salta. Agradecemos e dissemos que, infelizmente, não poderíamos participar, já que tínhamos ainda muita estrada pra percorrer, voltando pra casa. Ele sorriu e disse que não havia problema. Deu-nos o convite apenas pra buscar integração conosco, pois todos os motociclistas são hermanos, disse. Apresentou-se como Tete.
Quando pegamos a estrada, já eram 8:30h. Aproveitando o clima gostoso, ligo o Spotfy no aleatório da minha playlist e começa a tocar a música do link abaixo. Perfeita para o clima e a ocasião.


Geovan vai à frente. Aos poucos, começamos a empreender um ritmo forte, em torno de 140 km/h. O ronco da motoca, o vento frio a se infiltrar pelo capacete e a música me fazem viajar. Pura emoção. Começo a cantar e a me balançar, acompanhando o ritmo da música. Viajar de moto é assim. Não importa muito o destino, mas o caminho.
Já havíamos rodado mais de 50 km e íamos tranquilos até que, de repente, tenho a sensação de ter visto a moto de Geovan passar por alguma poeira branca que se levanta. Como chego no mesmo local e não vejo nada, estranho. Geovan começa a desacelerar e, ao chegar mais perto, percebo que a tal poeira branca era o pneu que havia furado. Paro e vejo o estrago. O pneu não servia para mais nada. 



Ficamos uns cinco minutos pensando no que fazer. À frente, avisto uma árvore com sombra e uma casa próxima.  Sugiro que sigamos para lá. Quando nos aproximávamos, quatro cachorros bravos latindo vêm em nossa direção. Um quinto cachorro, pequenininho, mancando de uma pata, também avança. Era um misto de latido e abanação de rabo. Geovan hesita. Logo percebo que não são tão ferozes assim. Apenas latiam para estranhos que invadiram seu espaço. Paramos as motos e pensamos no que fazer. Só havia uma solução: tentar encontrar um pneu na cidade que dormimos. Retorno e Geovan fica pra ir tirando a roda. Depois ele confessa que nunca havia trocado um pneu de moto antes.
Retorno direto ao hotel onde havíamos dormido e procuro pelo senhor que nos dera o panfleto. Afinal, se era amante de moto, poderia nos ajudar. Encontro-o e começo a explicar a situação num portunhol sofrível, mas ele não entende direito. Tento dizer que meu amigo havia rasgado o pneu e precisaria encontrar outro para comprar. Ele entendeu algo como sendo o problema na transmissão da moto. Acabo levando-o até minha moto para mostrar-lhe do que realmente se tratava. Aponto para o pneu e finalmente ele diz: "ah, é a cobierta". Ele me ensina onde posso encontrar. Quando saio do hotel, um rapaz  que escutara a conversa com Tete pergunta se não queria que fosse buscar a moto em sua camionete. Digo-lhe que se não encontrar o pneu, talvez vá precisar sim. Vou até o "repuesto", como chamam, atrás do pneu. Lá chegando, pergunto pelo pneu 130/80-17. O atendente vai ao depósito verificar e a pequena demora em retornar, me deixa apreensivo. Lá vem ele com um pneu e me bate um alívio. Não era da mesma referencia, era um 130/70-17. Só era um pouquinho mais baixo, mas dada a situação, servia. Passo pelo hotel novamente e lá estava o rapaz que havia oferecido a ajuda. Mauro era o seu nome. Acabo aceitando e vamos juntos até Geovan. Lá chegando, o pneu já estava sacado. Pegamos o pneu e vamos a uma "gomeria" numa cidadezinha chamada Virgem de Los Pobres, a 5 km de onde estávamos. Lá, José, o "gomeiro ", troca o pneu rapidamente.



Retornamos e tentamos colocar o pneu. A habilidade minha e de Geovan era total, pra não dizer o contrário. Observando, Mauro parecia impaciente com a nossa destreza. De repente, ele senta no chão, arregaça as mangas e nos ajuda a colocar. A coisa flui mais rápido. Depois de tudo concluído, nos despedimos e agradecemos a ajuda.



Continuarmos a viagem. Mais à frente, encontramos Tete e a família. Ele fica feliz em saber que deu tudo certo. Estava com a família também indo para Assunção, onde pegaria um voo para os USA pra assistir à Argentina  na Copa América. Tiramos fotos e trocamos WhatsApp.


Chegamos na aduana e somos atendidos rapidamente. Depois, quando entramos em Assunção, era quase 17:00h. Percebo que a nossa meta de dormir em Foz já não seria factível e resolvemos dormir mesmo por aqui.

Amanhã, estaremos em Foz, mas já é outra história. Até lá.







segunda-feira, 13 de junho de 2016

DIA 19 - (13/06/2016) - Purmamarca- Las Lomitas

O Trecho - 704 km



O frio em Purmamarca estava intenso na noite anterior. Acho que foi por isso que, mais uma vez, deixei o relógio tocar o alarme sem que me levantasse. Saímos lá pelas 10:00h. Seguimos em direção a Jujuy. Lá, precisávamos abastecer. Perdemos um certo tempo até acharmos um posto. Quando partimos, já eram 12:00h.
A  partir de Jujuy, a paisagem começou a mudar. O que antes eram montanhas e curvas, agora era um verde de uma vegetação parecida com a que conhecemos. Não tardou em pegarmos retas intermináveis que nos deixou enfadados.
Paramos em Pichanal para reabastecermos. De repente escuto: "maranon". Em minha direção, veio um rapaz com cara de argentino e me cumprimentou. Será se o conhecia e não me lembrava? Ele disse que conheçeu o Maranhão e que tocou em São Luís. Que mundo pequeno.
Continuamos. Já havíamos rodado bastante e a gasolina começava a escassear. Liguei o GPS pra localizar o posto mais próximo e me indicou que ficava a uns 130 km adiante. Mesmo tendo um galão adicional, reduzimos a velocidade pra economizar. Já tínhamos rodado bastante e nada do posto. A indicação do combustível já sinalizava reserva. Paramos em uma entrada de cidade pra perguntar. Dois rapazes e duas moças se aproximam pra admirar as motos. Começam a perguntar de onde viemos e para onde vamos. Uma delas diz que, na cidade, está havendo uma festa de Santo Antônio.
Falo-lhe que, no Brasil, neste tipo de festa, as moças aproveitam para pedir um marido. Elas riem e dizem que lá também. Por fim, perguntamos onde podemos encontrar um posto de combustível. A 40 km, responde um dos rapazes. Seguimos em frente.
Depois de percorrermos mais de 50 km, encontramos o posto. Enchemos o tanque e aproveitamos para trocar alguns dólares por peso. Fizeram a 14 pesos por dólar. Lá, perguntei se Chiriguanos, a cidade onde iríamos dormir, tinha um bom hotel. O rapaz do posto disse que seria melhor dormirmos em Las Lomitas, cerca de 120 km depois. Partimos, então, com essa idéia. 
Já próximos de Las Lomitas, por volta de 18:20, olho no retrovisor e veja uma cena espetacular. Como viajávamos em sentido Leste, o sol estava se pondo às nossas costas com uma cor rosa avermelhada. Não resisti e parei pra fotografar.




Chegando em Las Lomitas, procuramos um hotel e nos recolhemos. Amanhã, entraremos no Brasil, via Foz do Iguaçu. Até lá.

DIA 18 (12/06/2016) - Calama - Purmamarca

O trecho - 511 km



Coloquei o relógio para despertar às 06:30h, mas mais uma vez as cobertas quentinhas me fizeram demorar para levantar. Após o desajuno, iniciamos a preparação para o frio que fora anunciado pelo casal que encontramos no Salar Uyuni. Segundo a previsão, seriam 8 graus negativos, além de um vento forte na travessia do Paso de Jama. Vesti a segunda pele para frio e, sobre ela, a segunda pele normal. O meu parceiro de viagem vestiu várias camadas de roupa, além de um saco de lixo pra tentar amenizar a situação. Confesso que saímos apreensivos com o frio que nos esperava. Orientei o GPS e partimos. A primeira cidade seria São Pedro de Atacama. É uma cidadezinha pequena, com ruas de terra, mas muito procurada por turistas. Na entrada, vi uma placa que indicava pouco mais de 1.900 habitantes.
Logo depois, começamos a subir a Cordilheira dos Andes. Coloquei o GPS para que lesse a altitude. Aos poucos, o altímetro aumentava a indicação e a temperatura começava a baixar. Passamos pelo Vulcão Licancabur.

Ao fundo, o Vulcão Licancabur

Começamos a avistar gelo ao lado da pista, mas até ali estava suportável. Paramos e brincamos um pouco.


Brincando no gelo

De repente, o termômetro começa a piscar. Observo e vejo zero grau. O altímetro continua subindo. Continuo acompanhando e memorizo os números máximos: altura 4.832m; temperatura 1 grau negativo. Não senti frio extremo porque me preparei bem, além de contar com a manopla aquecida da moto que ajuda muito.
Aos poucos, começamos a descer e a temperatura começa a subir, mas não muito. Ainda é preciso que nos mantenhamos bem agasalhados. Logo depois, chegamos ao Paso de Jama, fronteira Chile-Argentina.

Entrando na Argentina
Na imigração, somos atendidos rapidamente e tocamos em frente. Pouco antes de Jujuy, local onde dormiríamos, começamos a subir uma montanha com curvas sinuosas. O mais gostoso foi descer. Curvas fechadas e com mais de 180 graus me fazem brincar um pouco. Ligo a câmera e filmo toda a descida.
Próximo a Purmamarca, uma cidadezinha a 60 km de Jujuy, avisto uma placa que indica haver um caixa eletrônico. Como precisávamos abastecer, resolvemos entrar para sacar pesos. Logo avisto um hotel que aceita Visa. Como já eram quase 17:00h sugiro que fiquemos ali mesmo, já que Jujuy é uma cidade grande e poderíamos ter dificuldade em encontrar hotel. Assim fizemos.
A ideia foi boa. Purmamarca é uma cidade pequena, turística, com venda de artesanatos e cheia de hotéis e restaurantes. Vamos a um e pedimos cordeiro assado e carne de lhama. Uma delícia. Quando voltamos ao hotel, fazia um frio danado.

Pelas ruas de Purmamarca



Até a próxima.